Telhados sustentáveis
Com jardim, pedriscos ou pintura clara, as coberturas oferecem conforto térmico à sua casa e dão uma ajuda extra contra problemas típicos das grandes cidades, como enchentes e ilhas de calor
*Revistas Casa Claudia e Arquitetura e Construção
1. TELHADO VERDE
Ele cobre a prefeitura de Chicago, uma passarela de pedestres em São Paulo, 40 mil m² da fábrica da Ford no Michigan e, mais recentemente, 50 mil m² do telhado da California Academy of Sciences, do italiano Renzo Piano. Merecedor da fama de sustentável (leia ao lado), o telhado verde é uma ótima opção para projetos residenciais. "Esse recurso repõe o verde perdido com as construções", afirma o paisagista Benedito Abbud, de São Paulo. Considere o peso extra, que varia entre 50 e 120 kg/m². "Em novos telhados, o projeto estrutural deve incluir o paisagismo", diz a arquiteta paulista Cristina Araújo.
Para coberturas existentes há soluções como o sistema modular da empresa gaúcha Ecotelhado, que pode ser instalado sobre telhas ou laje, desde que a estrutura suporte a nova carga. De modo geral, a execução pede impermeabilização, manta geotêxtil, instalações hidráulicas, terra e plantas que sejam adequadas ao clima local, não cresçam muito e requeiram pouca rega.
Quanto mais profunda a camada de terra, maior a diversidade do jardim
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LAZER ECOLÓGICO
Nesta casa no Jardim Botânico, Rio de Janeiro, terraços ajardinados sobre as duas lajes de concreto substituem o telhado convencional. "Além de integrada à paisagem, a cobertura traz conforto térmico e é uma opção de lazer para a família", diz a arquiteta Patricia Fendt, que contratou a empresa de paisagismo Vale Feliz para a execução do telhado verde. A cobertura superior, local favorito para as brincadeiras do filho dos proprietários, tem 224 m². Já o terraço sobre a garagem (com spa e sala de ginástica) acrescenta mais 157 m² de vegetação. Assim, a área verde que seria roubada com a nova construção manteve-se viva no terreno.
Espécies para cultivar no topo: grama-amendoim, cacto-margarida, azulzinha, tapete-inglês, grama-esmeralda, orelha-de-rato.
Fonte: Ecotelhado
HORIZONTE LIMPO:
Isoladamente, o jardim na cobertura traz benefícios diretos para os moradores. Em maior escala (adotado num bairro inteiro, por exemplo), rende efeitos positivos à cidade. Conheça suas principais vantagens:
- Contribui para o isolamento acústico da construção.
- Oferece conforto térmico (mantém a casa fresca no verão e agradável no inverno), gerando economia de energia.
- Combate o efeito estufa e as ilhas de calor, pois a vegetação sequestra gás carbônico e ajuda a reduzir as temperaturas.
- Absorve a água das chuvas e atrasa seu escoamento para a rede pública, evitando as enchentes.
- Diminui a poluição, pois as plantas retêm parte da poeira suspensa na atmosfera.
QUANTO CUSTA
O valor (a partir de R$ 95 o m², na Ecotelhado) depende da espessura, dos materiais utilizados e do paisagismo. Se previsto no projeto, o telhado verde pode custar o mesmo de um convencional. "O preço do sistema instalado sobre uma laje empata com o de uma cobertura cerâmica ou de fibrocimento colocada sobre a mesma laje", compara João Manuel Feijó, da empresa gaúcha. Para a arquiteta Patrícia Popp, de Porto Alegre, os benefícios compensam gastos extras. "Ele dispensa climatização interna e tratamento acústico", aponta.
PASSO A PASSO
No projeto da arquiteta carioca Patrícia Fendt a manta asfáltica garante a impermeabilização da laje de concreto e o geocomposto McDrain (Maccaferri) ajuda na drenagem, além de proteger a superfície contra choques mecânicos ou contato com as raízes das plantas.
Por cima, uma camada de areia (de 5 a 10 cm) recebe terra adubada ou substrato vegetal, de 3 a 5 cm - o suficiente para sustentar gramíneas, suculentas e outras espécies de raízes curtas. "Instalamos muitos ralos para facilitar o escoamento da água e evitar a formação de poças", completa a arquiteta.
2. ARGILA EXPANDIDA COM PEDRISCOS
Essa alternativa faz da cobertura uma área de convivência e contemplação, com benefícios potencialmente iguais aos de um telhado verde. "Uma camada de 10 cm de terra e argila expandida armazena até 45 litros de água por metro quadrado, o que é um poderoso aliado contra as enchentes", diz o arquiteto Marcio Moraes, de São Paulo. A preparação requer as seguintes camadas: impermeabilização, argila expandida com tubo de dreno e manta geotêxtil, instalações hidráulicas e terra. O custo varia de R$ 80 a R$ 120 por m², de acordo com a espessura da camada de argila e a irrigação - que, por sua vez, depende do paisagismo, se houver. A arquiteta Cristina Araújo reforça alguns cuidados: considerar o peso da terra no cálculo estrutural e prever drenagem com tubos adequados para evitar o apodrecimento das raízes.
PARA UM FUTURO JARDIM
Projeto dos arquitetos paulistas André Vainer e Guilherme Paoliello, esta casa em Cotia, SP, é um exemplo da utilização da argila expandida com pedriscos numa cobertura de 180 m². Trata-se de duas abóbadas de tijolo, tornadas planas no topo por meio de várias camadas (veja ilustração). Areia, manta geotêxtil e pedriscos dão o acabamento. "A argila, além de ajudar na drenagem, pode substituir parte da terra e tornar o conjunto mais leve", diz a arquiteta Júlia Garcia, que acompanhou o projeto. Só o perímetro da cobertura recebeu vegetação (furcreia, aloe vera e agave, de acordo com o projeto de paisagismo de André Paoliello e Ricardo Vianna). Mas a intenção da família é, aos poucos, adensar o jardim.
3. COBERTURAS BRANCAS
Um estudo recente do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, na Califórnia, mostrou que pintar os telhados de branco combate o aquecimento global. Explica-se: enquanto as coberturas escuras absorvem 80% do calor, as claras refletem até 90% da luz solar. Com isso, cidades com mais tetos brancos sofreriam menos com as ilhas de calor. Além disso, eles diminuem a temperatura interna, o que pede menos ar condicionado e reduz as emissões de CO2. "Um telhado branco de 100 m² compensa cerca de 10 toneladas de gás carbônico, o equivalente à emissão anual de uma típica casa americana", afirma Marcos Casado, do Greenbuilding Council Brasil, que lançou o site www.onedegreeless.org para disseminar a prática. "No Brasil, essa solução teria um efeito maior se incluísse as fachadas, como se faz na costa mediterrânea há séculos", diz Roberto Lamberts, especialista em eficiência energética em edificações.
2. ARGILA EXPANDIDA COM PEDRISCOS
Essa alternativa faz da cobertura uma área de convivência e contemplação, com benefícios potencialmente iguais aos de um telhado verde. "Uma camada de 10 cm de terra e argila expandida armazena até 45 litros de água por metro quadrado, o que é um poderoso aliado contra as enchentes", diz o arquiteto Marcio Moraes, de São Paulo. A preparação requer as seguintes camadas: impermeabilização, argila expandida com tubo de dreno e manta geotêxtil, instalações hidráulicas e terra. O custo varia de R$ 80 a R$ 120 por m², de acordo com a espessura da camada de argila e a irrigação - que, por sua vez, depende do paisagismo, se houver. A arquiteta Cristina Araújo reforça alguns cuidados: considerar o peso da terra no cálculo estrutural e prever drenagem com tubos adequados para evitar o apodrecimento das raízes.
PARA UM FUTURO JARDIM
Projeto dos arquitetos paulistas André Vainer e Guilherme Paoliello, esta casa em Cotia, SP, é um exemplo da utilização da argila expandida com pedriscos numa cobertura de 180 m². Trata-se de duas abóbadas de tijolo, tornadas planas no topo por meio de várias camadas (veja ilustração). Areia, manta geotêxtil e pedriscos dão o acabamento. "A argila, além de ajudar na drenagem, pode substituir parte da terra e tornar o conjunto mais leve", diz a arquiteta Júlia Garcia, que acompanhou o projeto. Só o perímetro da cobertura recebeu vegetação (furcreia, aloe vera e agave, de acordo com o projeto de paisagismo de André Paoliello e Ricardo Vianna). Mas a intenção da família é, aos poucos, adensar o jardim.
3. COBERTURAS BRANCAS
Um estudo recente do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, na Califórnia, mostrou que pintar os telhados de branco combate o aquecimento global. Explica-se: enquanto as coberturas escuras absorvem 80% do calor, as claras refletem até 90% da luz solar. Com isso, cidades com mais tetos brancos sofreriam menos com as ilhas de calor. Além disso, eles diminuem a temperatura interna, o que pede menos ar condicionado e reduz as emissões de CO2. "Um telhado branco de 100 m² compensa cerca de 10 toneladas de gás carbônico, o equivalente à emissão anual de uma típica casa americana", afirma Marcos Casado, do Greenbuilding Council Brasil, que lançou o site www.onedegreeless.org para disseminar a prática. "No Brasil, essa solução teria um efeito maior se incluísse as fachadas, como se faz na costa mediterrânea há séculos", diz Roberto Lamberts, especialista em eficiência energética em edificações.
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